11.9.10

estranhos passageiros em estranhas posições. cambaleamos juntos sem saber o horror, vomitamos aquilo que nos mata os pulmões, envolvemo-nos nela como se de um cobertor se tratasse e deixamos que ela nos engula. não nos deixe perdidos no horror, não nos deixe perder o pó dos nossos corpos. erguemos o que resta e cambaleamos, sempre com ela ao nosso lado como se de uma protectora da nossa culpa se tratasse. vemos cadáveres expelindo o seu êxtase pela tragédia, aquele outrem que tão bem nos conhece, decidimos juntar-nos e cair nas desgraças do luar que nos segue. ela continua ao nosso lado a sorrir como se de uma mãe que vê o filho feliz ao tê-la consigo se tratasse. seremos dos poucos a compreender a sua voz? dançamos ao seu lado mandando-a olhar, ajudar-nos a mover, e os cadáveres ouvem os nossos gritos por atenção. ela fica pasma com as nossas caras lavadas em choro, ajuda-nos a voltar para o sitio de onde viemos e mantém-nos aconchegados, sem nenhum medo que nos apoquente, que nos massacre o chão onde rejubilamos. para que servem milhões de teorias, explicações e lições, quando a teremos sempre a nosso lado a fumar-nos os ossos e a transmitir-nos o fumo para os nossos ouvidos? nada nos serve, nada nos servirá. tenho-a aqui ao meu lado e deixarei que ela me leve consigo até aos vales da destruição, onde me irá aconchegar e deixar descansar. até lá, até esse futuro, serei um mero inquilino parasitário.