4.12.10

se nos socorrermos,
ainda vamos a tempo de guardar o que nos foi pedido;
sangue e pedaços de fluído encarnados num só esguio e reles agregado de flores,
que viajam
que vivem
que doem
que morrem
à porta,
à nossa porta, à espera de serem guardadas
de serem levadas, de permanecerem nas nossas mãos e de serem constantemente apertadas contra o nosso peito. em nós, elas morrem porque as nossas mãos não passam de fogo, não passam de dor, de fome.
aqui elas pedem perdão, aqui elas querem fugir e só querem voltar a ficar à espera;
à espera que algo as socorra,
à espera
à espera.
o homem desespera.
pobre infortúnio o do homem por não poder julgar o seu próprio cadáver.