26.3.10

se tiver mesmo de ditar a rotina dos meus dias; encaminhar as pessoas a lerem uma jornada tão rica de emoções e de sorrisos encorajadores - aqui, a minha ironia está muito bem trabalhada - começo por falar do silêncio. o silêncio interior. não ouço nada a latejar cá dentro, o que é uma grande vitória. ao mexer-se; um simples passo, tinha uma ferida feita - não, não me refiro ao coração - refiro-me a uma pedra; nada mais, nada menos que uma pedra. acho que já é cansativa a descrição desta pedra, que se partiu em duas quando caída em terra. nota-se que a personificação também é bem trabalhada. sou capaz de continuar esta enriquecedora ocultação ao conhecimento do leitor; tanto em pontuação como no conteúdo escrito; com a apresentação de um novo amigo. fala-se da frustração. amiga dos meus dias, já substituiu a lâmpada que dava luz - talvez estejam sempre erros ortográficos na escrita tanto como na vida - acrescento que não é das melhores lâmpadas no mercado. gostaria de encaixar o esforço à festa, o esforço que a carcaça faz ao longo deste filme. o cansaço é o que fica sempre escondido entre dedos, não posso falar muito dele quando só sabe esconder-se da minha cara, ouço-o cair à noite mas faço os meus olhos não darem conta. não é que não seja má pessoa, nesta negação toda, sou um mero inquilino no meio disto tudo. isto é, se ainda estiver aqui dentro. se de alguma forma, fez bom proveito, foi um prazer descomunal desmanchar-me. com toda a licença, retiro-me.