smoke my bones

estou aqui sentada e tenho muito que fazer ou tudo por fazer, nada talvez. é giro ser uma pessoa ocupada, eu cá gosto de fingir. sou uma adolescente muito ocupada, tenho 15 anos e gosto de agir como se fosse maior de idade, é giro gostar de agir como criança.
um dia, vou sair de casa de saltos altos e dizer que sou uma menina crescida mas os saltos altos são da minha mãe. um dia, vou sair à noite e beber daquilo que o papá bebe, vou dizer que cresci e que gosto muito de mim. um dia, vou pegar naquilo que a mamã fuma e dizer que já estou grande. um dia, vou ser amiga das meninas e vamos ter conversas de meninas, vou gozar com outras meninas e rir-me porque é giro.
então, parece que sou uma menina crescida. já bebi daquilo que o papá bebe, fumo daquilo que a mamã fuma, só não gosto dos saltos altos e das meninas. achei giro? achei muito giro, na altura. reparei que aquilo que o papá bebe faz-nos ficar estupidas, tontas e por fim, vomitar. não me apeteceu mais beber, vomitar é feio. aquilo que a mamã fuma sabe mal e deita fumo, no entanto, é viciante e não consegui deixar. é feio e senti-me feia.
valeu a pena? não.
um dia, quis namorar e dar beijinhos aos meninos, eles foram maus para mim e fizeram-me chorar. num outro dia, conheci o menino mais bonito que vi, o menino mais lindo à face do planeta. eu quis dar-lhe beijinhos e namorar com ele, ele foi mau para mim as vezes, eu também fui má mas ele falou-me numa coisa chamada amor. eu não consegui largar mais o menino, nem ele a mim.
valeu a pena? sim.
agora, olhem para mim, como menina crescida que sou. não acho mais giro ser crescida e fazer de conta que estou ocupada. só acho giro o meu menino e o amor que ele me dá.